
Entrevista a Isto É Gente
24/11/2010 15:59
“ACHO QUE VIREI MÃE”, brinca Maria Gadú, 23 anos, ao se pegar ralhando com Cachaça, sua cachorra, uma pug de dois meses. A cantora e compositora paulistana também tem outra “filha”, Cuíca, uma labrador que mora com dona Neusa, mãe de Gadú. O comentário, feito quando a artista se preparava para posar para fotos, traduz a intenção de preservar seu humor e seu cotidiano em meio à exaustiva rotina de viagens e hotéis que já a levou a uma recente estafa. O sucesso veio com o primeiro disco, lançado em meados de 2009, gerando turnê que já contabiliza mais de 100 apresentações anuais. Você vive há um ano e meio uma rotina de shows lotados, músicas no rádio, nas novelas. Em que momento percebeu que o sucesso tinha chegado? Houve algum momento difícil na adaptação a essa nova rotina? Você já se recuperou totalmente? Quando percebeu que tinha um fã-clube que a segue? Tem muita loucura entre as fãs? Mas esse assédio também não vira cobrança? Já está compondo para o segundo disco? Mas não se pressiona para fazer um segundo disco tão bom quanto o primeiro? E como surgiu a ideia da turnê com o Caetano Veloso? E como é dividir o palco com o Caetano? A Sony Music já adquiriu seu passe no mercado internacional. Tem planos de fazer carreira no Exterior?
Grande revelação da música brasileira naquele ano, Gadú vai sair de 2010 com status aumentado pela miniturnê que faz com Caetano Veloso. Duo, o show de vozes e violões, estreou em Salvador no último dia 7 em rota que passa por São Paulo (dia 24, na Via Funchal), Belo Horizonte (dia 26, no Chevrolet Hall), Rio de Janeiro (dia 5, Citibank Hall) e termina no Recife (dia 9, Teatro Guararapes). A gravadora Som Livre também põe nas lojas em breve o DVD e o CD Multishow ao Vivo, que registra um dos shows feitos por Gadú pelo Brasil, com casas lotadas e fãs ensandecidas que já chegaram a tatuar o nome da cantora. Um ano e 100 mil discos depois, ela faz um balanço desse momento áureo. Com o mesmo jeito informal de seu apartamento, onde se veem violões e uma recém-adquirida guitarra pelo chão, a artista conta que recebe fãs em casa, mas aprendeu a colocar um freio no assédio, e que ainda se pega surpresa ao dividir o palco com Caetano.
Essa ficha ainda não caiu (risos). Talvez eu tenha me acostumado com uma série de coisas que não faziam parte da minha vida, com a maratona de shows, como conhecer mais pessoas.
Há pouco tempo, tive uma estafa. Uma série de coisas já estavam comprometidas por conta da rotina violenta de shows. Exigi demais de mim. Fui passar o som no Prêmio de Música Brasileira e, quando voltei para casa, desmaiei no banheiro. Fiquei quatro dias de cama, como se tivesse morrido. Foi horrível, uma sensação de impotência... Fiquei arrasada porque queria ir ao prêmio homenagear a Dona Ivone Lara.
Demorou um mês para eu me recuperar de verdade. Já voltei à rotina de shows, viagens, mas agora estou me cuidando melhor, procuro ter boa alimentação, dormir mais.
A primeira vez foi no lançamento do primeiro CD, na Varanda do Vivo Rio (casa de shows carioca que abre sua varanda para apresentações de artistas de público mais reduzido). Tinha um monte de gente e o trabalho nem tinha sido lançado.
Sim, é muita maluquice. Elas desmaiam, choram, invadem hotel. Já vi mais de 30 tatuagens do meu nome. Eu me sinto responsável de certa forma. Se eu fizer uma m..., a menina vai se arrepender pelo resto da vida. Não posso decepcionar.
Procuro ter uma relação com a galera que vai ao show, em especial com o fã-clube. Temos um monte de coisas em comum, estamos gostando da mesma coisa. Faço sarau em casa, chamo as meninas. Elas vivem aqui em casa e na da minha mãe também. Mas chega uma hora em que pontuo: “Hoje não vai dar, estou cansada.” Elas entendem.
Não. Estou no mesmo processo de sempre, devagar. Meu processo de composição é intuitivo. Estou andando na rua, vem uma ideia, eu escrevo no braço. Mas aí já vem com melodia e tudo.
Não penso nisso. Penso num segundo disco, mas preciso me preparar para lidar com tudo o que aprendi durante esse tempo. Quero poder expressar minha maturidade e compor uma coisa nova.
A gente fez a inauguração de um estúdio da Globosat, em maio. Foi incrível, fui à casa dele ensaiar. Depois, o Multishow nos chamou para cantar no prêmio deles. Por coincidência, eu tinha gravado o “Rapte-me, Cameloa” (música lançada por Caetano em 1981) para a trilha da novela Ti-ti-ti. Aí, pintou a turnê nesse projeto da Nextel (empresa de telefonia).
É uma parada difícil de explicar. Escuto Caetano desde que nasci. Por mais que a gente tenha criado um certo grau de intimidade por estar convivendo bastante, há um momento em que me distraio no palco, olho para o lado e penso: “Meu Deus, é o Caetano!”
O CD já saiu em Portugal. Pela Day One (empresa de agenciamento de shows vinculada à Sony), eu me apresentei em Portugal, Espanha, Nova York, Miami. Pode até fazer parte dos meus planos cantar lá fora, mas não com intuito de fazer carreira internacional. Adoro som, adoro idiomas. Música não tem fronteira.
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