
Gadú e Paralamas rumo à NY
31/05/2010 13:41Maria Gadú fuma um cigarro atrás do outro ao chegar no estúdio, no Cosme Velho. Nervosismo é pouco. É o dia da realização de um sonho. A garota-revelação da música brasileira vai cantar com ninguém menos que os ídolos Herbert, Bi e Barone, do Paralamas do Sucesso.
O ensaio, que O DIA acompanhou com exclusividade, tem vistas a uma ocasião nobre: a dobradinha vai encerrar o badalado festival de cinema do Circuito Infinitto, com um show gratuito no Central Park, em Nova York. A data cai exatamente quando se comemora o dia dos namorados no Brasil: 12 de junho. Nada mais apropriado, afinal, trata-se de um típico caso de amor antigo.
“Acho que já fui a uns 500 milhões de shows deles”, exagera Maria Gadú. “Desde quando me apresentava em barzinhos, sempre cantei as músicas do Paralamas. ‘Uma Brasileira’ foi a primeira que aprendi no violão”, recorda, olhos brilhando, ainda incrédula com a oportunidade de, pela primeira vez, dividir o palco com a banda e também por ser sua estreia nos Estados Unidos, para onde nunca viajou — o Paralamas já tocou no emblemático parque nova-iorquino, em 1998.

Como um romance correspondido, os rapazes assumem que já namoravam a cantora de longe. “Gostamos da interpretação que ela fez de nossas músicas no programa da Globo”, elogia João Barone, referindo-se ao ‘Som Brasil Paralamas’, no qual Maria Gadú interpretou um punhado de sucessos do grupo. Bi Ribeiro faz coro: “Fomos surpreendidos com os arranjos superoriginais que ela fez”, conta.
Na sala de ensaio, Gadú encosta o violão em um cantinho, tímida. Herbert Vianna, gentil anfitrião como ele só, toma a iniciativa para quebrar o gelo. “Toque seu violão também”, sugere. Ela hesita. “Você acha?”, pergunta. “Com certeza, vai dar um colorido divertido”, assegura o ‘paralama’.
Ela, então, saca seu instrumento, fecha os olhos e tudo vem. A cantora preparara ‘Caleidoscópio’, ‘Lanterna dos Afogados’ e ‘Lourinha Bombril’. O repertório é completado com a sua ‘Shimbalaiê’ (tema da personagem Dora, vivida por Giovanna Antonelli na novela ‘Viver a Vida’). Essa foi a última que passaram nesse primeiro e único ensaio para a apresentação em Nova York.
“Deixa para lá, vamos tocar outra de vocês”, desapega Maria Gadú, quase abrindo mão da honra de ter sua música executada pelos veteranos do rock nacional. Herbert, de novo, coloca a jovem no colo. “Nada disso, vamos ensaiar agora aquela canção sua que tocou pra caramba”, exige o cantor.
HERBERT VIANNA BEM DE PERTO
No finalzinho do ensaio, Herbert Vianna executa quase solitário a sua ‘Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim’, nunca gravada pelo grupo e famosa através da trilha da novela ‘Uga Uga’, em versão com Ivete Sangalo.
1. O que essa música representa para você?
É especial por causa da minha mulher, o amor da minha vida, que, você sabe... teve o acidente que me deixou com essas sequelas (aponta para a cadeira de rodas, referindo-se ainda à morte de Lucy, mãe de seus filhos).
2. Como é tocar em um evento onde o foco principal não é a música?
Tocamos recentemente no Festival de Cinema de Paulínia. Com espaço no palco e alguém para convencer na plateia, é sempre uma boa oportunidade para reforçar nossa atitude.
3. Como é dividir o palco com uma artista nova?
Com tanto trabalho e sessões de fisioterapia, não realizei a dimensão do encontro. Tenho entusiasmo e portas abertas. Cruzar os caminhos com quem desperta para sua música faz a diferença.
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