Mais da entrevista coletiva sobre o novo DVD

14/05/2011 17:52

O clima de intimidade entre Maria Gadú, 24 anos, e Caetano Veloso, 68, começa já na chegada para a entrevista coletiva de lançamento do CD/DVD Multishow ao Vivo Caetano e Maria Gadú, que aconteceu no fim da tarde desta quinta-feira (12) no bar Londra, em Ipanema, na zona sul do Rio.
 
Os cantores entram no salão de mãos dadas. Na hora de posar para o batalhão de fotógrafos, rolam carinhos, abraços apertados e até um selinho na boca. É este o tom do projeto: promover o encontro entre o veterano e a revelação da MPB, que viraram os mais novos amigos de infância.

No DVD, que traz 26 músicas e chega às lojas no dia 23 de maio - no dia seguinte à exibição no canal pago Multishow -, o foco está neles. A plateia raramente aparece - e sua participação se limita à claque das palmas nos 35 minutos aos quais a imprensa teve acesso na audição. Caetano falou sobre a sintonia fina entre eles.
 
- É agradável para um senhor de 68 anos estar ao lado de uma menina de 24. Mas poderia não haver esta sintonia. A gente se deu bem logo de cara. Nunca houve entrave na comunicação.
 
A parceria, segundo ele, pode ser classificada de uma "vampirização", já que o o veterano bebe da fonte da juventude e ganha novo público com o trabalho.
 
- Vendo artistas mais jovens como a Gadú me vejo quando comecei a trabalhar. Ela tem personalidade própria, canta e toca bem desde que a vi pela primeira vez num show na extinta Cinematheque, no Rio. Gosto de "vampirizar" os jovens [risos].
 
O repertório, apontou o artista, foi escolhido pelo critério de "conhecimento". Estão no disco, Sozinho, Alegria Alegria, O Leãozinho, Odara, Beleza Pura e Rapte-me Camaleoa, entre tantas, além das músicas de Gadú como Dona Cila, Escudos e Shimbalaiê, claro.
 
- Não houve critério cronológico. Calhou de serem as minhas canções mais conhecidas. A Gadú é um fenômeno de popularidade imediata. Outra razão é que o show que originou o DVD foi por acaso [a convite da Globosat, que inaugurava novas instalações no Rio] e logo rolou a turnê. Tivemos apenas um encontro para fazer o repertório. Cantei canções que sei tocar no violão e os desejos dela.
 
Para ela, não poderia faltar O Quereres.
 
- O repertório do Caetano é incrível. Mas O Quereres é minha música preferida de todas as músicas, não só dele.
 
Gadú, esbanjando sinceridade, diz que a ficha ainda não caiu com o apadrinhamento do ídolo de muitos anos.
 
- Não caiu a ficha ainda. É esquisito. Há uma união muito mais abrangente. Há proximidade. E eu, a minha vida inteira, me espelhei no Caetano.
 
No começo da miniturnê, a cantora não tocava Shimbalaiê, seu maior sucesso, composta por ela quando tinha apenas dez anos de idade. Caetano resolveu, de surpresa, inclui-la no show de Belo Horizonte (MG). No DVD, Gadú se debulha em lágrimas ao vê-lo cantar o hit e explica o motivo:
 
- Não dá para descrever o que senti. Não pensei na hora. Foi só emoção. Não dá para dar sentido. Lembrei da infância ali na hora, quando eu fiz a música e estava despretensiosamente feliz.
 
Caetano também dá sua versão.
 
- Quando eu tinha a idade atual da Gadú, estava compondo Alegria Alegria. E Shimbalaiê é uma música emblemática dela. Pesou o fato de serem canções que têm muito apelo popular e temos carinho por ambas.
 
Depois, foi uma rasgação de seda só, com trocas mútuas de elogio. O cantor abriu a temporada:
 
- Ela é uma maravilha. Boa de conviver e de conversar. Nos bastidores, a Gadú é quase melhor do que no palco. Tenho admiração por ela não só pela música e por sua musicalidade.
 
Gadú completou:
 
- Caetano não é superficial. Ele entende e sabe sobre vários assuntos, como política, cinema, literatura e não é superficial em sua sapiência. Acho isso lindo nele. Ele me estimula a aprender mais. Outro dia me interessei, por influência dele, sobre a falência dos Estados Unidos em 1929.
 
A questão da diferença de idade entre eles - bastante cobrada pela imprensa durante a entrevista coletiva - não incomoda a cantora.
 
- Cada segundo é um segundo. Não tenho preocupação com a minha idade. Não me cobro. Tenho 24 anos.
 
E aos 68 anos, como a cantora pensa em estar?
 
- Vai saber? É uma boa pergunta. Não queria saber. É melhor não saber. Não imagino mesmo. Falta um tempo. Vivo o hoje, o amanhã e a semana que vem.
 
Em datas ainda não fechadas, haverá uma série de shows para o lançamento do DVD.
 
Caetano está trabalhando no novo CD da amiga Gal Gosta e já pensa também em um álbum, que teria, por conta do projeto com Gadú, mais violão, adiantou o veterano. E Gadú viajará em julho para buscar inspiração para o segundo CD.
 
- Estou pensando ainda. Não há pressão da gravadora. Estou há dois anos divulgando meu primeiro CD. Em julho vou viajar em busca da criatividade para o novo trabalho. Vamos ver no que vai dar.
 
Mais um sucesso, certamente.

 

Fonte

 

 

Tem muito fã de Caetano Veloso que não conhece ou não se interessa por Maria Gadú. Mas é fácil supor que todo fã de Gadú tenha Caetano na estante. A esses, especialmente, agradam o CD duplo e o DVD da série Multishow ao Vivo de registro do fim da turnê do veterano e da iniciante, a duas vozes e dois violões, que saem agora pela Universal.

Marcos de Paula/AE

O primeiro DVD de Gadú tem apenas sete meses, o que torna desnecessárias gravações de faixas como Bela Flor, Dona Cila e A História de Lilly Braun. Ainda assim, o lançamento vale por outros momentos, como os da dupla dividindo greatest hits do baiano como Beleza Pura, O Leãozinho, Odara, Menino do Rio... Na última terça-feira, a entrevista ao Estado da dupla foi marcada por abraços e elogios melosos. Algo parecido com o que o público viu nos shows e que também está nos extras do DVD. O canal Multishow exibe o especial dia 22, às 23 horas.

Por que a opção só por "lados A" no repertório?
Caetano - É natural e adequado que as canções mais conhecidas predominem porque a Gadú sabia cantá-las e porque ela é o mais nítido fenômeno de popularidade da geração dela. Então, o assunto de as canções serem populares é central nesse show.

Como vocês escolheram esse repertório?
Gadú - A que eu mais queria cantar era O Quereres. Eu brinco que cheguei à casa do Caetano para conversar e disse: "Oi, boa noite, vamos cantar O Quereres?"

Gadú, você que ficava tão nervosa, já se acostumou com a presença de Caetano no palco?
Gadú - Não, nada. É diferente estar com o Caetano aqui, agora, que a gente tem um outro lugar de intimidade. No palco, dou uma assustada. Tenho uma preocupação muito grande de não errar. Aí eu tô ali concentrada naquela energia da música do Caetano, e, quando eu olho, é o Caetano.

O que vocês acharam do público de vocês dois juntos?
Caetano - Eu gostei muito das plateias, eram bem Gadú.

Gadú - Eu não acho. Eles me conheceram muito depois de conhecerem e gostarem de você. Então acho que eram mais Caetano. Eu me vejo na plateia.

Os violões de vocês são muito diferentes: Caetano é mais direto, Gadú floreia. Como se complementam no palco?
Caetano - São completamente diferentes... Eu toco muito menos do que ela.

Gadú - O floreio era pela necessidade de ter que se acompanhar (quando cantava em barzinhos).

Você elogia a cantora; o que diz da Gadú compositora?
Caetano - Assistindo ao show dela, a impressão que me deu foi de uma pessoa com vocação legítima para música. Todas as canções são muito inspiradas. A perspectiva é totalmente brasileira. Percebi imediatamente que ela tinha tido uma atenção especial à Marisa Monte. E não errei, ela confirmou logo.

Você acha que é o único da sua geração que dialoga com os mais jovens?
Caetano - Eu tenho interesse por música popular desde menino. Fui ver Gadú cantar, como fui ver Tiê, Os Outros, Jonas Sá, um tempo antes fui ver Mart"nália... Agora fui ver Leo Cavalcanti, gostei muito, e também do Thiago Pethit.

Gadú - Outro dia a gente se falou e ele estava indo ao show do Mano Brown.

O que Gadú tirou da convivência com Caetano e vice-versa?
Gadú - Muita coisa. Mais do que o lance prático: o interesse dele pelo que está acontecendo, por muitos assuntos.

Caetano - Aprendi muito com ela a ter intimidade com esse tratamento da música na hora de fazer. Eu me senti muito encorajado.

Fonte

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