Multishow Ao Vivo é retrato do inspirado momento inicial de Maria Gadú

19/04/2011 17:45

Maria Gadú ainda era uma promessa de sucesso quando estreou na pequena casa carioca Cinematheque, em 12 de abril de 2009, minitemporada de shows dominicais (clique aqui para ler a resenha da estreia). Dois anos depois, o sucesso de Gadú é realidade vista raras vezes no diluído mercado fonográfico brasileiro da última década. E foi com o status de artista bem-sucedida e já famosa em escala nacional que a cantora e compositora paulista voltou aos palcos cariocas, em 15 de abril de 2011, para apresentar na casa Vivo Rio o espetáculo que originou o CD e DVD Multishow ao Vivo, postos nas lojas pela gravadora Som Livre em novembro de 2010.

Azeitado, o show atual é o retrato ampliado e mais bem-acabado desse inspirado momento inicial da carreira de Gadú. Se na temporada de abril de 2009 a artista se apresentava em palco nu e precariamente iluminado, nos shows da turnê que chegou ao Rio de Janeiro (RJ) dois anos depois daquela estreia seminal há o cenário hype de Zé Carratu e uma iluminação profissional.

Contudo, permanecem inalterados a qualidade do repertório autoral da compositora e a simplicidade de uma cantora que conserva os mesmos amigos - fato atestado pela presença de Leandro Léo na temporada de 2009 e na atual turnê - e a mesma simpatia. O sucesso avassalador - conquistado já no segundo semestre de 2009 a partir do lançamento do álbum Maria Gadú e da consequente veiculação da canção Shimbalaiê na trilha sonora da novela Viver a Vida - aparentemente não alterou o comportamento da artista no palco.

Ainda é cedo para saber se Gadú vai permanecer em cena com tamanha popularidade. Somente um segundo álbum de estúdio - previsto para 2012 - vai indicar se a produção autoral da compositora tem qualidade em quantidade suficiente para prolongar esse sucesso. Por ora, o show em cartaz pelo Brasil atesta a inegável empatia popular desse repertório inicial.

Todas as músicas do álbum são cantadas em coro pelo público. E, entre elas, há iguarias como o samba Altar Particular e a sensível Dona Cila, apresentada em cena com a exibição do clipe incluído nos extras do DVD. É fato que Shimbalaiê tocou tanto que enjoou - como também enjoaram todos os hits massivos de outros artistas. Mas é fato também que a canção tem sua beleza atemporal.

Outra certeza evidente em cena é a maior segurança de Gadú como intérprete. Sua abordagem intensa de Lamento Sertanejo (Dominguinhos e Gilberto Gil) é ponto alto do show e mostra que a cantora preserva sua identidade artística mesmo fora da seara autoral da compositora. Gadú nunca é óbvia quando investe em repertório alheio. Se o samba Filosofia (Noel Rosa) ganha pegada pop e citação de You Know I'm No Good (Amy Winehouse), Trem das Onze (Adoniram Barbosa) transita visceral por trilho mais pop e contemporâneo. O único momento mais trivial de Gadú como intérprete é quando entoa Quase sem Querer, uma daquelas canções sensíveis da Legião Urbana que parecem definitivamente associadas à voz e à interpretação de Renato Russo (1960 - 1996).

Enfim, Maria Gadú não é a maior cantora do Brasil - como gritou seu público em coro no fim da apresentação do Vivo Rio - mas é intérprete tão sedutora e sagaz que pode vir a se escorar em sua voz, caso sua produção como compositora caia quantativa e qualitativamente por conta da rotina estressante das turnês. Ou mesmo da falta de inspiração. Mas o futuro de Maria Gadú a Deus pertence.

Por enquanto, a artista vive momento especial e colhe os frutos desse início consagrador ao apresentar seu belo show em palcos que já não são iluminados apenas por seu talento, carisma, simplicidade e luz.

 

Fonte

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