
O encontro de Maria Gadú e Tony Bennett
24/05/2012 07:16
Maria Gadú chegou às 4h da manhã em Miami, na quarta-feira passada. “Nem dormi”, disse, às 17h do mesmo dia, prestes a entrar em estúdio com Tony Bennett para gravar um dueto de “Blue Velvet”, para um álbum do americano só com colaborações de artistas latinos.
Ela dá umas últimas (e desesperadas?) fumetadas no cigarro e desaparece pela porta. “Véio, eu fumo. Tô num projeto de parar, mas sou fumante, infelizmente. Mas quero parar, estou num processo. É difícil. E aí acontecem essas coisas, como faz?”, ela diz, depois da gravação.
Gadú me contou que costumava ouvir músicas de Bennett com a avó, que também ouvia Frank Sinatra, Carmen Miranda, Maísa e Nelson Gonçalves.
“Foi minha primeira fase musical. Minha avó só ouvia isso e ficava cantando em casa, sempre.”
Coincidências da vida, ela disse que dias antes de receber o convite para o dueto, estava cozinhando em casa com seu amigo e colaborador Maycon Ananias, ouvindo o disco novo de Bennett, “Duetos 2”, sem parar.
Ao chegar na casa onde fica o estúdio, em Fort Lauderdale (Flórida, EUA), Bennett a recebeu com um abraço caloroso. Os dois nunca tinham nem sequer conversado antes e, menos de meia hora depois, estavam cantando lado a lado. Ao fim de cada versão, ela dava uma risadinha, e ele a elogiava.
A preparação, ela conta, foi assim:
“Já conhecia a música, fiquei ouvindo mais, só escutando, curtindo. Tem versões ao vivo, versões de outras pessoas, uma coisa mais bonita que a outra. Fiquei caçando no YouTube.”
O resultado é parecido com “Blue Velvet” que ele canta com k.d. lang no álbum anterior, “Duets 2″, lançado no final do ano passado. Gadú canta em inglês e também versos em português: “De veludo azul se revestiu meu coração, mais do que o azul do seu olhar, a tua boca a suspirar, um querer”.
Abaixo, o vídeo da k.d.lang com Bennett e a famosa versão de Isabella Rossellini no filme “Veludo Azul”, de David Lynch.
Voltando a Gadú…. ela lançou seu primeiro álbum em 2009 e o segundo veio há pouco tempo, neste ano. Em três anos, já foi alçada a voz da nova geração da MPB. Perguntei sobre o lado bom e ruim da fama. Ela disse:
“Vixe, tem um monte de coisa pros dois lados. O lado bom são estas coisas [aponta para o estúdio], viabiliza um monte de coisa, como também poder tocar num palco com estrutura legal, som bom.”
“O lado ruim… Tem uma exposição pessoal, de energia, de astral um pouco, sabe? Você se sente um pouco deturpado, você faz um show e ali tem muita coisa, muita gente prestando atenção. Aí eu saio do show meio esquisita, muito ruim às vezes.. muita vibração que vai. É um lado ruim. E, às vezes, no meu caso por ser cantora, você fica muito refém do corpo. Se você acordar meio esquisito, tem que cantar do mesmo jeito.”
O álbum de duetos de Bennett contará com outros artistas latinos, muitos da América Latina. Poderá ser uma oportunidade para Gadú ter seu trabalho exposto nos países vizinhos. Seu agente, Luis Felipe Couto, explica que já há muita procura:
“O problema é viabilizar porque a América Latina está muito pobre de uma forma geral. Eles querem levar show voz e violão, e não é o que a gente quer. Eles dizem que é pra conseguir viabilizar, principalmente Argentina e Chile”, disse Couto.
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