
Segundo disco de Maria Gadú é mais maduro que o anterior
05/01/2012 07:14
O segundo disco de Maria Gadú, “Mais uma Página”, chega às lojas com uma notícia boa e outra ruim. A boa é que o álbum é mais bem produzido do que o anterior – homônimo, de 2009 – com um capricho maior nos arranjos. A ruim é que todas as faixas são palatáveis o suficiente para entrar na trilha de uma novela e, por isso, a super exposição da artista no horário nobre da Rede Globo deve permanecer. Antes mesmo do disco ser lançado, a regravação da pérola “Oração ao Tempo”, de Caetano Veloso, já foi usada na abertura da trama das seis, “A Vida da Gente”. Pelo menos, nenhuma das 14 músicas é grudenta como “Shimbalaiê”.
Desde o primeiro contato com o álbum, já fica claro que a moça de 25 anos é a grande aposta da Som Livre. A embalagem do CD é bastante caprichada, com quatro abas que revelam fotos dela com sua banda e frases tendo a beleza como temática (“beleza cabe onde algo for” é um exemplo). O encarte traz as letras em tipologias diferentes, como se tivessem sido rascunhadas pelos próprios compositores (é lindo ver “Oração ao Tempo” com a letra descompromissada de Caetano Veloso). Onde são dispostos os nomes dos autores, há uma fidelização sobre suas assinaturas. Além disso, no encarte existem algumas páginas com recortes e uma outra com um papel translúcido. Até mesmo o release (termo jornalístico para o texto enviado pela assessoria de imprensa) do disco veio em um papel diferenciado.
As três primeiras faixas do álbum produzido por Rodrigo Vidal podem enganar o ouvinte e levá-lo a conclusão de que este segundo trabalho é uma repetição do anterior. “Nó Pé de Vento”, parceria dela com Edu Krieger, tem letra bonitinha, arranjos simples, mas bem feitos, porém não passa muito disso. O mesmo acontece com “Anjo da Guarda Noturno”, de Miltinho Edilberto, e a autoral “Taregué”.
Mas a partir da quarta música já dá para ver um grande amadurecimento. O capricho nos arranjos e as letras mais elaboradas começam a aparecer a partir de “Estranho Natural”, composição autoral que ganhou a sofisticação de violas, violinos e violoncelos. Com uma letra capaz de deixar muitos instigados com diversos tipos de questionamentos (“Quem vai gritar primeiro? Quem?/O grito que afrouxa em desespero/ o peito que parte à voz do trovão”), “Quem?” é a melhor faixa do álbum. A música conta com a participação superespecial de Lenine e arranjos que provocam tensão.
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