
Show da Maria em BH
12/07/2010 17:33Maria Gadú aprendeu que para cantar na noite é preciso algumas manhas. A principal delas é dar o poder ao público. Em seu show no Chevrolet Hall, no fim de semana, ela não deixou a receita desandar. Como quem não precisava provar nada, cantando para o auditório lotado de fãs assumidos, que sabiam de cor todas as canções, emendou roteiro feito sob medida para a noite. Mostrou o que todos conheciam, mesclou algumas leituras, equilibrou os climas e deixou todo mundo se divertir.
Com meia hora de atraso, Maria Gadú já entrou no palco provando quem era. De jeans e camisa polo vermelha, com óculos da mesma cor, sentou no banquinho com o violão e começou mandando as músicas do disco. Foi a senha para cantar junto. Tímida, ela agradecia como quem não acreditava no que via e foi se soltando. A banda, eficiente e profissional, segurou as pontas e deixou a moça à vontade. Maria Gadú não era uma estrela que surgia ou uma revelação em busca de aprovação. Foi show para fãs. O público queria a confirmação de sua escolha. E recebeu.
Depois de apresentar as canções de seu primeiro disco, sempre com coro de milhares de vozes, Maria Gadú foi intercalando temas que iam do samba ao rock. De Noel Rosa, de Filosofia, a You know I’m no good, de Amy Winehouse; de Lanterna dos afogados, dos Paralamas, a Trem das onze, de Adoniran Barbosa. Alternou ainda momentos com a banda e set de voz e violão. Como convidado especial, o empolgadíssimo Leandro Léo, que divide com ela no CD a canção Laranja, se mostrou em casa, puxando para o pop mais superficial. Teve ainda os momentos Renato Russo, Chico Buarque, Jacques Brel e Alanis Morissette. Cover de luxo, para ressaltar as possibilidades da cantora.
Das 13 faixas do CD, 12 foram cantadas no show. Só a leitura de Baba, de Kelly Key, ficou de fora. Já não se encaixava no CD e por isso não fez falta. Maria Gadú domina o palco com a soltura dos tímidos: depois de ficar à vontade, eles não querem ir embora. Mostra cuidado nos arranjos e interpretações, sabe dialogar musicalmente com a plateia. Já nas conversas, não vai além do obrigado e das interjeições de espanto com a acolhida.
Cantou para muita gente, cantou bem, divertiu o público. Fica a pergunta: o que vem depois de ela se tornar revelação desse porte? Pelo show do fim de semana, parece que essa não é a preocupação da cantora. Por ora, seu negócio é agradar ao público, com uma pequena surpresinha aqui e outra ali. E isso Maria Gadú faz bem.
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